O Meliponário Rei da Mandaçaia é um empreendimento familiar especializado na criação, conservação e manejo de Abelhas Nativas Sem Ferrão, com ocorrência natural no estado da Bahia, estamos a mais de 30 anos criando, multiplicando e contribuído para preservação destes pequenos magníficos animais.
O nosso empreendimento é cadastrado no IBAMA CTF: 1681253 e na Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), e enquadrado na Lei Estadula: Nº 13.905 DE 29 DE JANEIRO DE 2018.
Aqui em nosso site é possível encontrar fotos da produção e muitas informações a cerca desta atividade, nosso meliponário principal está situado no Distrito de Hidrolândia - Uibaí e em Cruz das Almas no Recôncavo da Bahia.
Depois de uma intensa mortandade de abelhas no início dos anos 2000,
causada possivelmente pelo uso excessivo de inseticida no campo, o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) convidou os biólogos Osmar Malaspina, da Universidade Estadual
Paulista (Unesp), de Rio Claro, e Roberta Nocelli, da Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar), para aprofundar os estudos sobre a
situação das abelhas no Brasil. Em 2017, o governo aprovou uma lei
estabelecendo que os agrotóxicos a serem comercializados no Brasil devem
passar por testes de avaliação de risco em abelhas Apis mellifera,
espécie adotada internacionalmente nos testes dessa natureza, por viver
em quase todo o mundo. No entanto, a mortalidade continuou. De dezembro
de 2018 a fevereiro de 2019, o Rio Grande do Sul registrou 400 milhões
de Apis mortas, Santa Catarina 50 milhões, Mato Grosso do Sul
45 milhões e São Paulo 5 milhões. Os inseticidas usados para matar
pragas das plantações são uma das causas da redução das populações de
abelhas no mundo, ao lado da diminuição das áreas de florestas e das
mudanças climáticas (ver Pesquisa FAPESP no 271).
O grupo de trabalho criado pelo Ibama para avaliar o risco de
agrotóxicos concluiu que era necessário incluir abelhas sem ferrão que
fossem representativas das cerca de 350 espécies exclusivas do Brasil.
“Temos de criar metodologias de análise de toxicidade para as abelhas
nativas para não fazer apenas testes com Apis antes de lançar
um produto novo”, enfatiza Malaspina, coordenador do laboratório de
pesquisa sobre ecotoxicologia de abelhas sociais do Instituto de
Biociências da Unesp de Rio Claro.
“Sugerimos que os métodos para
avaliação de toxicidade durante o estágio imaturo de abelhas adotados
para Apis para avaliação de risco não podem ser aplicados nas
abelhas sem ferrão”, reitera a bióloga Annelise Rosa-Fontana,
pesquisadora em estágio de pós-doutorado na Unesp em Rio Claro.
Em 2015, em um experimento de seu doutorado na Universidade de São
Paulo (USP) em Ribeirão Preto, ela colocou doses diferentes de um
inseticida bastante usado na agricultura, o tiametoxam, no alimento de
larvas de uma espécie de abelha nativa sem ferrão, a canudo (Scaptotrigona depilis).
Sobreviveram apenas 40% das larvas tratadas com a dose mais alta de
inseticida, enquanto no grupo controle, que não recebeu inseticida,
sobreviveram 80%, como detalhado em um artigo publicado em 2016 na
revista Apidologie.
Em 2018, ela participou de um estudo na Unesp realizado pela bióloga
Adna Dorigo, que avaliou o efeito de dimetoato, usado como referência
internacional em testes de toxicidade, na uruçu nordestina (Melipona scutellaris). Nesse trabalho, publicado em março de 2019 na revista científica PLOS One, a concentração letal capaz de matar 50% de uma população de larvas de uruçu foi 320 vezes menor que a de larvas de Apis. Em novos estudos, ainda preliminares, larvas de outra espécie de abelha sem ferrão, a mandaguari (Scaptotrigona postica), morreram com uma concentração letal ainda menor do que a da uruçu.
Mudanças de comportamento
Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São
Paulo (Esalq-USP), a bióloga Cynthia Jacob reforçou as conclusões sobre
os efeitos de defensivos agrícolas em abelhas sem ferrão ao verificar
que o tiametoxam e outros três inseticidas do grupo dos neonicotinoides
podem causar mudanças de comportamento, como a redução da velocidade de
voo e da distância percorrida, de abelhas adultas jataí (Tetragonisca angustula), de acordo com um estudo publicado em fevereiro na revista Chemosphere.
Apis predominam como produtoras de mel e são essenciais como
polinizadoras de laranja, soja, canola, algodão, entre outras culturas
agrícolas, enquanto as sem ferrão favorecem a frutificação de café,
morango, maçã, pêssego, tomate e berinjela. O relatório Polinização, polinizadores e produção de alimentos,
organizado pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços
Ecossistêmicos (BPBES) e pela Rede Brasileira de Interações
Planta-Polinizador (Rebipp) e apresentado em fevereiro de 2019, estimou
em R$ 43 bilhões os serviços prestados pelos polinizadores no Brasil. De
acordo com esse documento, as abelhas realizam 66% dos trabalhos de
polinização, ao lado de besouros, borboletas, mariposas, aves e
morcegos.
As abelhas sem ferrão – na verdade, com ferrão atrofiado – voam em
praticamente toda a América Central e do Sul, África, Sudeste Asiático e
norte da Austrália. “Elas vivem em matas próximas às plantações, como Apis,
são menos numerosas e visíveis, percorrem áreas menores, porém entram
em cultivos agrícolas”, diz Malaspina. Diante do risco de redução
contínua das populações de abelhas, ele argumenta: “Como os agrotóxicos
ainda são indispensáveis para manter o tamanho da safra agrícola, os
fabricantes de defensivos e os produtores rurais deveriam investir mais
em agroquímicos menos tóxicos ou em produtos biológicos mais seletivos”.
“Se usados adequadamente, por meio de aplicações aéreas com empresas
certificadas, os defensivos agrícolas não causam impacto sobre as
abelhas”, diz a advogada Renata Camargo, coordenadora de
sustentabilidade da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São
Paulo (Unica), que representa 120 usinas produtoras de açúcar e álcool.
Em junho de 2017, a Unica e a Organização de Plantadores de Cana da
Região Centro-Sul do Brasil (Orplana) assinaram um acordo com órgãos do
governo paulista, o Protocolo Etanol Mais Verde, para, entre outros
objetivos, promover as boas práticas no uso de agrotóxicos e a proteção
da vegetação nativa.
Projeto
Padronização de método para testes de toxicidade em larvas de abelhas
sem ferrão em condições de laboratório, e potenciais efeitos adversos
provenientes do alimento larval contaminado com o neonicotinoide
tiametoxam (nº 16/00328-4); Modalidade Bolsa de Pós-doutorado; Pesquisador responsável Osmar Malaspina (Unesp); Bolsista Annelise de Souza Rosa; Investimento R$ 302.373,77.
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