É a primeira vez que uma abelha soldado é descrita. "Tem características físicas apropriadas à defesa do ninho. Já se conhecia casta morfológica para soldados entre insetos, mas apenas em algumas espécies de formigas e de cupins, em abelhas ainda não", contextualiza o pesquisador.
Menezes conta que o projeto inicial consistia em comparar as abelhas guardas que sobrevoam o ninho de jataís às que ficam paradas junto à entrada. Ao observar que as abelhas guardas eram maiores que as abelhas forrageiras (que saem do ninho para buscar alimento), ele passou a coletar e a medir abelhas de diferentes ninhos. "Verificamos - eu e Christoph Grüter, pós-doutorando do grupo da
Universidade de Sussex - que estávamos à frente do primeiro caso de uma casta de soldados nas abelhas sociais", relata.
A análise estatística minuciosa e os experimentos realizados demonstraram que há uma casta de soldados nas abelhas jataís. Analisando os favos de cria, os autores verificaram que 1% das abelhas operárias produzidas na colônia são guardas. "O significado atribuído a esta casta de soldados foi a defesa contra a invasão do ninho por abelhas ladras do gênero Lestrimelitta, que, por não coletarem alimento nas flores, vivem do saque de alimento de outros ninhos", explica o pesquisador.
Os cientistas também concluíram que as abelhas guardas jataí são 30% mais pesadas do que as forrageiras e têm morfologia ligeiramente diferente, com pernas maiores e cabeça menor. "As guardas jataí ficam paradas sobre o tubo de entrada ou sobrevoando ao redor da colônia, onde promovem a defesa do ninho contra abelhas ladras (Lestrimelitta limao). Quanto maior é a abelha guarda, mais eficiente ela é na defesa da colônia", descreve Menezes.
Para o chefe-geral da
Embrapa Amazônia Oriental,
Claudio José Reis de Carvalho, o trabalho trata-se de um excelente resultado científico, referente a um dos eixos da missão da instituição de pesquisa que é o de gerar conhecimento sobre a biodiversidade e o capital natural da Amazônia visando seu posterior uso racional e/ou produção de serviços ambientais.
"Quanto mais conhecermos sobre esses animais, mais perto estaremos de desenvolver tecnologias úteis à agricultura tais como a geração de insetos voltados à polinização de espécies de plantas nativas da Amazônia ou mesmo de alguma planta cultivada exótica que puder se beneficiar disso, a exemplo do que já ocorre em outros paises", avalia Carvalho.
http://www.youtube.com/watch?v=P6Q4LGVDgh8
FONTE:
Embrapa Amazônia Oriental
Izabel Drulla Brandão - Jornalista
Telefone: (91) 3204-1200
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